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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Paz, Amor, Humanização e Respeito



Um dos filmes que me emocionou bastante foi "O Homem Bicentenário", com Robin Williams. O filme: uma ficção científica, conta a trajetória de dois séculos de busca por humanização empreendida pelo personagem principal. Contudo, quem busca por essa humanização não é uma pessoa.é um robô, uma máquina criada pelo homem para serví-lo. A história, na verdade, uma comédia , é sobre uma máquina especial, que saiu de fábrica com um "pequeno defeito". Esse defeito a fez, em certo momento, sentir que deveria perseguir uma evolução além daquela projetada por seus criadores.

Baseado em um romance homônimo de Isaac Asimov, o filme é divertido mas, ao mesmo tempo, emocionante. Não pude conter as lágrima quando, quase ao final do filme, uma comissão de notáveis humanos declara ao robô que ele foi, finalmente, considerado "humano". Os dois séculos de esforços daquela máquina haviam finalmente atingido seu objetivo. Talvez ele não tenha tido tempo de ouvir essa declaração, pois na busca de equiparar-se aos humanos, solicitou diversas modificações em seu corpo de andróide que permitisse a ele envelhecer e eventualmente morrer, tal qual nós morremos. Seu suspiro final foi dado no mesmo momento em que a comissão reconhecia o seu status de humano. Não ficou claro se ele teve tempo de ouvir isso. Não sei bem explicar porque essa cena me emocionou tanto. Que lição podemos extrair desta magnífica peça de ficção?

Um robô, a quintessência da lógica em ação, querendo ter emoções? Buscando ser mais humano, buscando possuir paixões,desejos,emoções? Não seria uma "fraqueza" possuir emoções para atrapalhar o regrado uso do raciocínio lógico? Será que é possível haver convivência de lógica e emoção dentro de um único ser? Acredito sim que seja possível haver essa convivência, e até mesmo mais do que isso, é indispensável que haja essa convivência entre razão e emoção!
E, talvez até por acreditar nesta convivência pacífica, sempre tive a vontade de fazer parte de uma turma, grupo ou o que quer que fosse para promover a humanização no tratamento dos portadores e familiares de doença inflamatória. Sim, meu currículo é extensor…tenho 30 anos de convívio com a DII, e pude perceber nesta longa jornada a importância do amparo e do carinho seja durante a espera por uma consulta, seja na internação breve ou prolongada, seja no dia-a-dia, afinal, de nada adianta termos os mais modernos recursos em tratamentos, medicamentos se não tivermos alguém que nos ouça ou um simples gesto de carinho.

Sonho realizado, a sementinha foi plantada e já no terceiro mês de existência oficial e já estamos fazendo história! Novos membros apareceram, velhos retornaram e o que vejo é algo bom se formando!
Como menciono na descrição do BLOG, “Não pretendo falar exclusivamente de tratamentos médicos, medicamentos, hospitais e afins, para isto temos excelentes profissionais para nos auxiliarem. Então, vamos deixar a alegria nos contagiar...” e com isso, não pretendo e nem tenho a intenção de atrapalhar  ninguém, cada um no seu espaço. Somos seres sociais, precisamos de convívio e de interação, mas a convivência com outros seres humanos traz uma nova categoria de problemas a esse animal emocional. Agora, já não basta ter que levar em conta nossos próprios pensamentos, precisamos também considerar o que os outros pensam sobre nós?!

Então, quero aproveitar a oportunidade para informar que compareço sim, TODAS AS TERÇAS FEIRAS às reuniões e sempre que possível, vou até a enfermaria visitar algum paciente que esteja internado. Recentemente temos feito visitas, a amiga Edna e eu, sendo muito bem recebidas pela enfermeira responsável que sempre nos avisa sobre algum novo paciente que precisa de uma palavra de ânimo e nessa jornada, inclusive tive a oportunidade de rever uma senhora que conheci em minha primeira internação no H. Heliópolis em julho /10 que me reconheceu e ficou toda feliz em me ver bem!E aí? Alguém ainda duvida da importância do nosso trabalho?

E, como sabiamente disse Dr. Idblan, mencionando um trecho da música Quase Nada – Zeca Baleiro: “Qual é a parte da tua estrada no meu caminho.Será um atalho ou um desvio…”, o qual ele menciona no início de suas aulas para dizer “ quando você se propõe a cuidar de pessoas que tem doença inflamatória, você tem que lembrar que ainda existem muitos mistérios, muitas perguntas, mas que de alguma maneira aquela pessoa precisa ser amparada, ajudada, e aí é quando eu digo que quem não tem esse perfil, é melhor que nem cuidasse de pacientes com  doença inflamatória.”
E é com este exemplo que estamos seguindo nosso caminho, sabendo que isso muda toda a dinâmica do atendimento, acalma o paciente, ele adere melhor ao tratamento e a família se sente mais acolhida. E para quem pensa que isso vai atrapalhar, sempre acaba percebendo  que mais ajuda do que atrapalha.

Embora ainda não tenha encontrado nenhuma pesquisa específica sobre o tema, é certo que  humanização do atendimento tem um reflexo direto na evolução do paciente e pode até ter um impacto no processo de alta. Então, porque  resistir? E, se pensam que atrapalhamos, continuaremos atrapalhando…afinal um elefante incomoda muita gente…e, em nosso caso…melhor dizer: uma formiga incomoda muita gente, muitas formiguinhas incomodam muito mais!!!

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