Lendo algumas noticias sobre as pesquisas para desenvolvimento de vacina para a Doença de Crohn encontrei um texto de 2014 em formato PDF,(http://crohnsmapvaccine.com/wp-content/uploads/2014/06/CrohnsMAPVaccine_InfoSheet_June2014_PORTUGUESE.pdf) o qual entendi que foram feitos testes em pacientes para detectar a presença da bactéria Mycobacterium avium subsp. paratuberculosis (MAP), determinando os indivíduos que devem ser tratados , assim como demonstrar a eficiência da vacina. Esses testes foram possíveis com ajuda financeira de pacientes e familiares e que agora ainda falta uma segunda etapa que aguarda financiamento para as despesas. Então...ainda nada definitivo, hein?! Mas é sempre bom estar informado e procurar sempre em fontes confiáveis.
A maior incidência e prevalência
das DII estão nos países desenvolvidos, principalmente no norte da América e
Europa. Provavelmente, essas populações tem mais predominância devido à
genética daquele povo, que é pouco miscigenado. A prevalência continua sendo
maior na raça branca, entre indivíduos de maior nível socioeconômico e no meio
urbano. A Escócia tem uma das maiores incidências da Doença de Crohn do mundo,
com um em cada 200 pessoas afetadas. A maioria destes são jovens e crianças.
No Brasil, existem relatos de DC
em vários estados, mas não se dispõe de dados estatísticos do País, como um
todo. Estudo recente sobre incidência e prevalência de doenças inflamatórias
intestinais, no centro-oeste do estado de São Paulo - Brasil mostrou que a taxa
de DC era de 3,50 casos/100. 000 habitantes.
Região Norte: menor número de registro
de internações por DII (pacientes com sintomas porém sem diagnóstico);
Região Centro-Oeste: Internações
com diagnóstico de DC, maior parte feito em serviços do Setor privado de saúde;
Região Sul/Sudeste: Onde
encontramos uma maior incidência de DII, talvez pela maior urbanização e
industrialização?! Casos de Doença de
Crohn/DC (em torno de 48.255) e Colite Ulcerativa/CU (1728), dados que não exatos
pois são baseados nos registros de atendimentos públicos com base na retirada
de medicamentos de alto custo, alguns com registro de DC, pois ainda não são
liberados pelo SUS para portadores de Colite Ulcerativa.
Com relação às noticias de uma possível
vacina para Doença de Crohn, primeiro vamos entender o que é o MAP:
O gênero Mycobacterium compreende
mais de setenta espécies, sendo as mais conhecidas M.tuberculosis e M. bovis,
responsáveis pela tuberculose humana e bovina, respectivamente. M. avium
subesp. paratuberculosis foi descrita pela primeira vez na Alemanha, no ano de
1895
O MAP é o agente que mais tem
sido alvo de investigações no sentido de se
estabelecer alguma relação com a DC. É uma micobactéria atípica, que
causa a doença de Johne, uma infecção sistêmica e uma inflamação crônica do
intestino que afeta os ruminantes e outros animais, e que é muito idêntica à
DC.
A paratuberculose bovina ou
doença de Johne é uma doença intestinal crônica causada pela micobactéria Mycobacterium avium subsp. paratuberculosis
(MAP). A enfermidade clinica é caracterizada por diarreia crônica e mal
cheirosa, resistente a tratamentos medicamentosos ou de suporte. O processo
inflamatório crônico intestinal desencadeia um conjunto de alterações em
cascata, produzindo a síndrome de má absorção que pode ser traduzido por diarreia
em arco, desidratação acentuada, perda de peso, acidose, sede, fome, ausência
de febre, queda brusca na produção de leite, aumento dos casos de mastite,
infertilidade, caquexia geral e morte. A paratuberculose é um problema que
envolve especialmente os ruminantes leiteiros como os bovinos, bubalinos,
caprinos e ovinos. Outros ruminantes de criação podem ser infectados como
cervos, alces, lhamas e alpacas. Infecções esporádicas foram relatadas em
suínos, equinos, preás, coelhos, primatas e muitas outras espécies silvestres.
O Map tem sido implicado como agente causador ou associado à doença de Crohn,
uma íleo-colite proliferativa bastante semelhante àquelas observadas nas vacas
doentes. Ela cursa com diarreia, perda de peso e tem um caráter crônico,
começando nos primeiros anos de vida. Muitos estudiosos consideram a
paratuberculose como uma zoonose potencial. Os alimentos tais como leite e
possivelmente, a carne pode tornar-se fontes de infecção e, desse modo, a
doença tem ganhado atenção sob o ponto de vista de segurança alimentar,
especialmente por pesquisadores europeus.
Embora existam evidências que nos
permitem afirmar que o MAP não está implicado na DC, existem outras que não nos
permitem excluir com toda a certeza a possibilidade desta associação. Sartor RB
considera que, para por fim a todas estas especulações, é essencial o
desenvolvimento de estudos cuidadosamente planeados, com técnicas de detecção
sensíveis e específicas e postos em prática por investigadores sem ideias
pré-concebidas sobre este tema, no sentido de determinar se esta bactéria é a causa
da DC em indivíduos geneticamente predispostos ou, se pelo contrário, apenas coloniza
a mucosa ulcerada destes doentes, não sendo a responsável pelo desencadear da
inflamação.
Apesar de alguns pesquisadores
admitirem que a M. paratuberculosis seja um dos possíveis agentes etiológicos
da doença de Crohn, as pesquisas apresentadas na literatura científica não
permitem concluir se relação dessa bactéria com a doença é causal ou mera
coincidência. Em dois artigos de revisão sobre a patogenia e as causas da
doença de Crohn, os autores questionaram a importância de M. paratuberculosis
no desenvolvimento da doença, considerando algumas observações na literatura científica,
como a presença do elemento IS900 em grupos de indivíduos sem a doença,
considerados como grupo controle, e a não detecção da bactéria em tecidos
entéricos acometidos pela doença, por meio da análise microscópica convencional
e eletrônica (SELBY, 2000; ACHESON, 2001).
Além disso, seria fundamental uma
melhor compreensão da relação do MAP com a DC e do benefício da utilização de
agentes anti-micobacterianos e apostar em investigações sobre a influência do
NOD2/CARD15 na infecção ou na eliminação intracelular do MAP. Tendo em
consideração que a prevalência da DC tem vindo a aumentar, torna-se, pois
imperativo resolver este paradigma.
Mas os resultados dos vários
estudos realizados têm sido controversos. Há quase 90 anos que a comunidade
científica ainda discute este problema, não conseguindo chegar a nenhum
consenso. A seguir estão listados os argumentos a
favor e contra esta associação, reunidos por Sartor RB e adicionando-se outros
também relevantes.
Argumentos a favor:
• Similaridades clínica e patológica entre Doença de Crohn e Doença de
Johne;
• Presença da bactéria na cadeia alimentar (leite e carnes) e
mananciais de água;
• Um número significativo de pesquisas detectou a presença de MAP em
tecidos de indivíduos
com a Doença de Crohn utilizando diversos tipos de procedimentos
analíticos (PCR, isolamento e contagem em meio de cultura);
• Detecção de MAP em leite materno utilizando meios de cultura e a
técnica de PCR;
• O uso de antibióticos específicos promove uma melhora no quadro
clínico do indivíduo com
Doença de Crohn.
Argumentos contra:
• Diferenças
no tratamento da Doença de Crohn e Doença de Johne;
• Não há
evidência de transmissão da bactéria de animais contaminados para humanos;
• Genótipo
das espécies de MAP isoladas de animais infectados e de indivíduos com a doença
de Crohn não são similares;
• Uso de
antibióticos convencionais não promove a melhora no quadro clínico do indivíduo
com Doença
de Crohn;
• Falta de
estudos epidemiológicos que evidenciem a associação de MAP com a Doença de Crohn;
Apesar de terem sido dados
grandes passos no conhecimento da etiologia e patogênese da DC, ainda muito
necessita ser feito e há perguntas cujas respostas são especulativas:
- Quais são, efetivamente, os fatores
ambientais e qual a sua importância para o desenvolvimento da doença?
- Como é que as mutações no gene
NOD2/CARD15 e TLR contribuem para a DC?
- Será que as bactérias comensais
são importantes para a patogênese da doença?
- Existe algum microrganismo patogênico
específico responsável pela DC?
- Quais os mecanismos que
contribuem para a desregulação imunitária?
Sua associação com a Doença de
Crohn em humanos é também, inconclusiva, principalmente em função da ocorrência
desta bactéria no intestino de pessoas saudáveis. Quanto a termo resistência, a
princípio pode-se sugerir que, quando o leite cru apresenta alto grau de
contaminação, o microrganismo pode ser encontrado no leite pasteurizado.
Assim, embora nas últimas décadas
uma série de novos agentes tenham vindo a ser desenvolvidos, há ainda uma
grande necessidade de novas terapêuticas farmacológicas para combater a doença refratária
e ajudar a melhorar a qualidade de vida daqueles que todos os dias têm de lidar
com as múltiplas complicações de uma doença que ainda não tem cura, mas que
pode ser atenuada. Mais uma vez, isto só será possível quando se conseguir
estabelecer com certeza qual a etiologia e os mecanismos envolvidos na DC e com
a utilização de um tratamento multifatorial.
Atualmente temos notícias de uma
nova pesquisa encomendada pelo governo do Reino Unido também revelou evidências
de que MAP pode ser a causa da Doença de Crohn.
Em relatório divulgado há alguns
meses pelo Comitê Consultivo do Governo sobre agentes patogênicos perigosos, Dr
Ingrid Olsen disse: “Juntamente com toda
a susceptibilidade genética emergentes na última década, é muito difícil de
rejeitar a hipótese de micobactérias estar envolvido no desenvolvimento de CD “.
O professor John Hermon-Taylor,
da King’s College London também disse que a bactéria é resistente a drogas
padrão anti-TB (tuberculose) e aprendeu a “esconder” das defesas imunológicas
do corpo, invadindo células brancas do sangue. A sua presença escondida
desequilibra a delicada fisiologia do intestino, tornando-se permeável a outras
bactérias e moléculas de alimento, provocando a inflamação.
Ainda segundo o Professor Taylor,
que foi o primeiro médico a fazer a
ligação entre a Doença de Crohn e MAP “Nós
acreditamos que há evidências convincentes apontando para mapear como a causa
da doença de Crohn. Estamos extremamente confiantes de que a vacina vai
funcionar “. A primeira fase de testes em humanos saudáveis, custando já está sendo financiado pelo HAV Vacinas Ltd. e segunda fase aguarda financiamento.
Considerando o caminho já
percorrido até agora no que diz respeito ao desenvolvimento científico e tecnológico, acredito que pode aparecer alguma novidade e que venham boas notícias!
Lembrando que muito já foi feito se considerarmos o tratamento disponível na década de 80 sim, quando eu, Rita, fui diagnosticada...não se utilizavam nem os imunossupressores e muito menos os biológicos e eu sobrevivi sem nenhum até agora.
Então, enquanto
isso o que podemos fazer é continuarmos com nosso acompanhamento médico e aproveitar, sempre que pudermos, para esclarecer as dúvidas com quem tem conhecimento específico e atualizado para nos informar, os nossos Médicos.
Ah, e nada de evitar leite e derivados, a não ser que tenha exames que confirmem intolerância à lactose! Ainda não temos nada conclusivo e acredito que o uso da bactéria (MAP) será para produzir alguns "antigeno"a ser usado para evitar a manifestação da doença? Eh, vamos aguardar!
Afinal, sempre há uma esperança e que venham sim novas opções para a DII e que em breve possamos dizer aos portadores que forem encaminhados para uma consulta especializada por DII, que esta é uma doença curável medicamente num curto espaço de tempo!
Como coloquei no cabeçalho do Blog:
“Não pretendo falar exclusivamente de tratamentos médicos,medicamentos,hospitais e afins. Para isso, temos excelentes profissionais a nos auxiliar.
Então, deixe a alegria te contagiar!"
Referências:
Rita