Um dos filmes que me emocionou bastante
foi "O Homem Bicentenário", com Robin Williams. O filme: uma ficção
científica, conta a trajetória de dois séculos de busca por humanização
empreendida pelo personagem principal. Contudo, quem busca por essa humanização
não é uma pessoa.é um robô, uma máquina criada pelo homem para serví-lo. A
história, na verdade, uma comédia , é sobre uma máquina especial, que saiu de
fábrica com um "pequeno defeito". Esse defeito a fez, em certo
momento, sentir que deveria perseguir uma evolução além daquela projetada por
seus criadores.
Baseado em um romance homônimo de
Isaac Asimov, o filme é divertido mas, ao mesmo tempo, emocionante. Não pude
conter as lágrima quando, quase ao final do filme, uma comissão de
notáveis humanos declara ao robô que ele foi, finalmente, considerado
"humano". Os dois séculos de esforços daquela máquina haviam
finalmente atingido seu objetivo. Talvez ele não tenha tido tempo de ouvir essa
declaração, pois na busca de equiparar-se aos humanos, solicitou diversas
modificações em seu corpo de andróide que permitisse a ele envelhecer e
eventualmente morrer, tal qual nós morremos. Seu suspiro final foi dado no
mesmo momento em que a comissão reconhecia o seu status de humano. Não ficou
claro se ele teve tempo de ouvir isso. Não sei bem explicar porque essa cena me
emocionou tanto. Que lição podemos extrair desta magnífica peça de ficção?
Um robô, a quintessência da
lógica em ação, querendo ter emoções? Buscando ser mais humano, buscando
possuir paixões,desejos,emoções? Não seria uma "fraqueza" possuir
emoções para atrapalhar o regrado uso do raciocínio lógico? Será que é possível
haver convivência de lógica e emoção dentro de um único ser? Acredito sim que
seja possível haver essa convivência, e até mesmo mais do que isso, é
indispensável que haja essa convivência entre razão e emoção!
E, talvez até por acreditar nesta
convivência pacífica, sempre tive a vontade de fazer parte de uma turma, grupo
ou o que quer que fosse para promover a humanização no tratamento dos
portadores e familiares de doença inflamatória. Sim, meu currículo é extensor…tenho
30 anos de convívio com a DII, e pude perceber nesta longa jornada a
importância do amparo e do carinho seja durante a espera por uma consulta, seja
na internação breve ou prolongada, seja no dia-a-dia, afinal, de nada adianta termos os mais modernos recursos em tratamentos, medicamentos se não tivermos alguém que nos ouça ou um simples gesto de carinho.
Sonho realizado, a sementinha foi
plantada e já no terceiro mês de existência oficial e já
estamos fazendo história! Novos membros apareceram, velhos retornaram e o que
vejo é algo bom se formando!
Como menciono na descrição do
BLOG, “Não pretendo falar exclusivamente de tratamentos
médicos, medicamentos, hospitais e afins, para isto temos excelentes
profissionais para nos auxiliarem. Então, vamos deixar a alegria nos
contagiar...” e com isso, não pretendo e nem tenho a intenção de atrapalhar ninguém, cada um no seu espaço. Somos seres
sociais, precisamos de convívio e de interação, mas a convivência com outros
seres humanos traz uma nova categoria de problemas a esse animal emocional.
Agora, já não basta ter que levar em conta nossos próprios pensamentos,
precisamos também considerar o que os outros pensam sobre nós?!
Então, quero aproveitar a
oportunidade para informar que compareço sim, TODAS AS TERÇAS FEIRAS às reuniões e sempre que possível, vou até a enfermaria visitar algum paciente que
esteja internado. Recentemente temos feito visitas, a amiga Edna e eu, sendo
muito bem recebidas pela enfermeira responsável que sempre nos avisa sobre
algum novo paciente que precisa de uma palavra de ânimo e nessa jornada,
inclusive tive a oportunidade de rever uma senhora que conheci em minha
primeira internação no H. Heliópolis em julho /10 que me reconheceu e ficou
toda feliz em me ver bem!E aí? Alguém ainda duvida da importância do nosso
trabalho?
E, como sabiamente disse Dr.
Idblan, mencionando um trecho da música Quase Nada – Zeca Baleiro: “Qual é a
parte da tua estrada no meu caminho.Será um atalho ou um desvio…”, o qual ele menciona
no início de suas aulas para dizer “ quando você se propõe a cuidar de pessoas
que tem doença inflamatória, você tem que lembrar que ainda existem muitos
mistérios, muitas perguntas, mas que de alguma maneira aquela pessoa precisa
ser amparada, ajudada, e aí é quando eu digo que quem não tem esse perfil, é
melhor que nem cuidasse de pacientes com doença inflamatória.”
E é com este exemplo que estamos
seguindo nosso caminho, sabendo que isso muda toda a dinâmica do atendimento,
acalma o paciente, ele adere melhor ao tratamento e a família se sente mais
acolhida. E para quem pensa que isso vai atrapalhar, sempre acaba percebendo que mais ajuda do que atrapalha.

Embora ainda não tenha encontrado nenhuma pesquisa específica sobre o
tema, é certo que humanização do
atendimento tem um reflexo direto na evolução do paciente e pode até ter um
impacto no processo de alta. Então, porque resistir? E, se pensam que atrapalhamos, continuaremos atrapalhando…afinal um elefante incomoda muita gente…e, em nosso
caso…melhor dizer: uma formiga incomoda muita gente, muitas formiguinhas
incomodam muito mais!!!