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terça-feira, 7 de outubro de 2014

III OFICINA DE CULINÁRIA PARA PORTADORES DE DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL



Nossa III Oficina de Culinária para Portadores de Doença Inflamatória Intestinal foi muito proveitosa para as participantes.

As nutricionistas tiveram uma ideia bem criativa utilizando balões com algumas das dúvidas mais frequentes apresentadas pelos portadores. E, dessa forma demos a partida em um bate papo bem informal e produtivo.

 
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NÃO COMER DURANTE A ATIVIDADE DA DOENÇA

A alimentação é muito importante para que o organismo tenha condições de reagir. Vamos lembrar que as proteínas são os “tijolos” que constroem músculos, os carboidratos nos dão energia e as gorduras são necessárias em alguns processos em nosso corpo. O que devemos fazer é respeitar a aceitação, pois muitas vezes nem fome nós sentimos. Em caso de dúvidas, necessidade de ganho de peso, alguma restrição por conta de outras complicações, procure um profissional da nutrição que poderá te auxiliar.


E, a não ser que você queira morrer, não há razão para ficar sem comer! Lógico, há momentos em que podemos até necessitar de jejum, e nesse caso, será necessária internação para reposição com soro e nutrientes. O intestino estando inflamado, sensível, necessita ser poupado, portanto, vamos optar por alimentos mais brandos, de acordo com a aceitação de cada um, que pode ser arroz, caldo de feijão, carne cozida, legumes cozidos (cenoura, chuchu, abóbora, inhame, etc), macarrão, purês, polenta, enfim...nem terá como devorarmos um BIG MAC, um HOT DOG que venhamos e convenhamos não é saudável para ninguém! E que tal deixarmos o churrasco e a cerveja para comemorar a recuperação?!


LEITE FAZ MAL?
O leite e contem lactose, que é o açúcar do leite, digerido por uma enzima chamada lactase, responsável por quebrar a lactose no aparelho digestivo depois de consumido e algumas pessoas, contudo, não produzem a enzima lactase em quantidade suficiente para digerir a lactose que consomem, ou seja, tem Intolerância à Lactose e devem evitar o consumo tanto de leite quanto dos derivados que possuam lactose, somente neste caso!

Se você é portador de doença inflamatória intestinal e não possui intolerância à lactose, pode e deve consumir Leite, pois ele ainda é a maior fonte de Cálcio disponível na forma de alimento e  que tal evitarmos mais um suplemento em forma de medicamento, o cálcio?! Lembrando sempre que temos aceitação alimentar bem individualizada, portanto, a dica é observar e, caso você não tenha desconforto, fica liberado sim o consumo de LEITE que pode ser integral, caso não tenha restrição de gorduras (colesterol alto, triglicérides, controle de peso), semidesnatado ou desnatado, em pó ou líquido, ao gosto do freguês.

Vale lembrar, que na teoria, o leite sempre foi e é restrito nas dietas para nós (D.Crohn, Retocolite), tanto é, que quando passamos por internações, dificilmente recebemos leite, pois é padrão nas dietas hospitalares a substituição pelo chá, aí, vale uma conversa com a nutricionista para conseguir a liberação do leite, caso seja possível, durante o período de “estadia”hospitalar.


PÃO BRANCO x PÃO INTEGRAL


As duas opções são válidas, até por que o pão francês é o mais habitual em nossas mesas, e nada de cair nas dietas da moda do “sem glúten”, a não ser que você tenha doença celíaca (que não consegue digerir a proteína do trigo), não há restrição de glúten para portador de doença inflamatória intestinal. O pão integral é também uma opção, devendo ressaltar que por ser integral, possui maior teor de fibras, em alguns casos, adição de algumas sementes (linhaça, gergelim, etc), devendo ser usado com cautela durante os períodos de atividade da doença, onde temos mais diarreia e devemos dar um “repouso” ao intestino.


FIBRAS

Não sei vocês, mas eu que fui diagnosticada nos anos 80, sempre tive restrições com as fibras, deveria ser tudo sem casca, cozido, ainda bem que nutrição evoluiu e hoje sabemos que as fibras podem e devem ser utilizadas inclusive por nós, portadores de doença inflamatória intestinal. O que precisamos saber é distinguir fibras alimentares solúveis e insolúveis que são fibras presentes em cereais, legumes, verduras e frutas sendo a diferença que as fibras solúveis se dissolvem na água e as fibras insolúveis não se dissolvem na água.

FIBRAS SOLÚVEIS:

As fibras alimentares solúveis como se dissolvem na água formam um gel e permanecem mais tempo no estômago e podem auxiliar no controle da diarreia, além de auxiliar na saciedade e ligarem à gordura e açúcar sendo depois eliminadas pelas fezes, ajudando na redução do colesterol e controle da diabetes.

Os alimentos ricos em fibras solúveis incluem frutas sem a casca, tais como banana, pera, maçã, melão que também é rico em água, a aveia que pode ser utilizada no preparo de vitaminas, mingaus, entre outros.

FIBRAS INSOLÚVEIS:

As fibras insolúveis são aquelas que o corpo não consegue digerir completamente.  Esse tipo de fibra absorve pouca água, por isso a função mais importante das fibras insolúveis é aumentar o volume e o peso das fezes e seus efeitos além de aumentar a velocidade dos movimentos intestinais, é tratar a prisão de ventre, portanto devem ser evitadas apenas nos períodos de atividade da doença afinal, ninguém vai querer aumentar ainda mais os episódios de diarreia.

Os principais tipos de fibras insolúveis estão em maior quantidade presentes nos farelos e cereais, grãos (feijão, milho, lentilha) nas verduras e frutas cruas e com cascas.


USO DE CORTICÓIDES X OSTEOPOROSE

Corticóide ou cortisona é um antiinflamatório potente, porém um de seus efeitos colaterais em longo prazo é a perda óssea, e nos caso das mulheres ainda pode ser maior, portanto, é necessário sim acompanhamento médico com exames periódicos e nada de automedicação. Dependendo do caso, uso de suplemento de cálcio, caso a alimentação não consiga repor e mais uma vez a importância das fontes de Cálcio: Leite, queijos, iogurtes, sardinha, brócolis, castanha do Brasil (Pará),manga, entre outras.
Tem até uma dica: para quem não tolera bem o leite ou tem restrição por conta da lactose, tem as opções de iogurtes e queijos. O iogurte por ser um leite fermentado por bactérias conhecidas como lactobacillus que digerem parcialmente a lactose é mais fácil de digerir do que o leite, sendo especialmente indicado em caso de intolerância à lactose, sendo rico em cálcio e o queijo também é outra alternativa ao leite de vaca,  com a questão de ter uma quantidade de gordura maior e por isso pode ser contraindicado em casos de colesterol alto ou obesidade.


PROBIÓTICOS


Os probióticos são microorganismos vivos que, ao serem ingeridos, beneficiam o organismo equilibrando a flora intestinal, inibindo a ação das bactérias intestinais prejudiciais ao bom funcionamento do organismo, ativando a imunidade.  Por ser o intestino a principal porta de entrada de nutrientes no organismo, assim como os nutrientes são absorvidos pela parede intestinal, agentes maléficos também podem entrar por esta porta. 
A função dos probióticos é colonizar e proteger a parede intestinal, evitando, assim, que moléculas alergênicas e microorganismos patogênicos façam mal à saúde, porém como os probióticos são microorganismos vivos, em caso de atividade da doença com o intestino inflamado, podem passar para a corrente sanguínea e causar uma infecção, portanto o uso de PROBIÓTICOS deve restrito aos períodos fora de atividade da doença. O que podemos consumir durante as crises ou não são os PREBIÓTIOCOS que são fibras não-digeríveis que funcionam como alimento para as bactérias intestinais benéficas, isto é, os probióticos – daí a indicação da dupla (probióticos+prebióticos) para reorganizar a flora intestinal em sachês ou cápsulas e, sempre com orientação de um profissional.


Os representantes mais conhecidos desse grupo têm nomes complicados: frutooligosacarídeos (FOS) e inulina. Mas o que interessa mesmo é que eles podem ser facilmente encontrados. Os FOS, por exemplo, estão concentrados em alimentos de origem vegetal que podem ser comprados na feira ou no supermercado, como cebola, alho, tomate, banana, cevada, aveia, trigo, mel. Já a inulina está presente principalmente no alho, na cebola, nas frutas (pera, maçã) e também na alcachofra.  Além de ajudar no sistema imune, atuando com os probióticos, esses elementos auxiliam nas funções intestinais. Beber bastante água, já que o líquido ajuda na formação e eliminação do bolo fecal e a recomendação mais importante: Cuidado com suplementos vendidos em farmácias, esses devem ser prescritos por nutricionistas e se usados exageradamente podem causar problemas, nada de Dr. Google, hein?!

 
NA REMISSÃO NÃO HÁ RESTRIÇÕES


E para terminar, o recado mais importante e resumindo o que foi falado: Na remissão, ou seja, quando não for necessário o “repouso” do intestino, não há necessidade de nenhuma restrição, valendo sempre máxima da alimentação equilibrada, quer dizer que no final sempre estaremos preocupados com o que comer: seja o controle do sal por conta da “pressão arterial”, do açúcar, por conta da “diabetes”, das calorias para emagrecer ou até mesmo engordar, enfim... Então que tal optar por saúde sempre incluindo mais frutas, legumes, verduras, carnes, peixes, ovos, leite e evitando alimentos que nada acrescentam a não ser peso! 
Bebida alcóolica pode também, com moderação tudo pode! Só não pode abandonar o tratamento ou parar a medicação por conta própria.



Então, que tal um delicioso Patê de Ricota e Ervas Finas?

E vale sugestões para incrementá-lo, e não faltam ideias: no encontro após a Oficina, foi sugerido pela Aldenice – azeitona, pela Ivete e Edna– atum, teve tomate seco, queijo, quem dá mais?




E para sobremesa um belo Mosaico de Gelatina?