Nossa III Oficina de Culinária para Portadores de Doença
Inflamatória Intestinal foi muito proveitosa para as participantes.
As nutricionistas tiveram uma ideia bem criativa
utilizando balões com algumas das dúvidas mais frequentes apresentadas pelos
portadores. E, dessa forma demos a partida em um bate papo bem informal e
produtivo.
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NÃO COMER DURANTE A ATIVIDADE DA DOENÇA
A alimentação é muito importante para que o organismo
tenha condições de reagir. Vamos lembrar que as proteínas são os “tijolos” que
constroem músculos, os carboidratos nos dão energia e as gorduras são
necessárias em alguns processos em nosso corpo. O que devemos fazer é respeitar
a aceitação, pois muitas vezes nem fome nós sentimos. Em caso de dúvidas,
necessidade de ganho de peso, alguma restrição por conta de outras
complicações, procure um profissional da nutrição que poderá te auxiliar.
E, a não ser que você queira morrer, não há razão para
ficar sem comer! Lógico, há momentos em que podemos até necessitar de jejum, e
nesse caso, será necessária internação para reposição com soro e nutrientes. O
intestino estando inflamado, sensível, necessita ser poupado, portanto, vamos
optar por alimentos mais brandos, de acordo com a aceitação de cada um, que pode
ser arroz, caldo de feijão, carne cozida, legumes cozidos (cenoura, chuchu,
abóbora, inhame, etc), macarrão, purês, polenta, enfim...nem terá como
devorarmos um BIG MAC, um HOT DOG que venhamos e convenhamos não é saudável
para ninguém! E que tal deixarmos o churrasco e a cerveja para comemorar a
recuperação?!
LEITE FAZ MAL?
O leite e contem lactose, que é o açúcar do leite,
digerido por uma enzima chamada lactase, responsável por quebrar a lactose no
aparelho digestivo depois de consumido e algumas pessoas, contudo, não produzem
a enzima lactase em quantidade suficiente para digerir a lactose que consomem,
ou seja, tem Intolerância à Lactose e devem evitar o consumo tanto de leite
quanto dos derivados que possuam lactose, somente neste caso!
Se você é
portador de doença inflamatória intestinal e não possui intolerância à lactose,
pode e deve consumir Leite, pois ele ainda é a maior fonte de Cálcio disponível
na forma de alimento e que tal evitarmos
mais um suplemento em forma de medicamento, o cálcio?! Lembrando sempre que
temos aceitação alimentar bem individualizada, portanto, a dica é observar e,
caso você não tenha desconforto, fica liberado sim o consumo de LEITE que pode
ser integral, caso não tenha restrição de gorduras (colesterol alto, triglicérides,
controle de peso), semidesnatado ou desnatado, em pó ou líquido, ao gosto do
freguês.
Vale lembrar, que na teoria, o leite sempre foi e é restrito nas
dietas para nós (D.Crohn, Retocolite), tanto é, que quando passamos por
internações, dificilmente recebemos leite, pois é padrão nas dietas
hospitalares a substituição pelo chá, aí, vale uma conversa com a nutricionista
para conseguir a liberação do leite, caso seja possível, durante o período de “estadia”hospitalar.
PÃO BRANCO x PÃO INTEGRAL
As duas opções são válidas, até por que o pão francês é o
mais habitual em nossas mesas, e nada de cair nas dietas da moda do “sem glúten”,
a não ser que você tenha doença celíaca (que não consegue digerir a proteína do
trigo), não há restrição de glúten para portador de doença inflamatória
intestinal. O pão integral é também uma opção, devendo ressaltar que por ser
integral, possui maior teor de fibras, em alguns casos, adição de algumas
sementes (linhaça, gergelim, etc), devendo ser usado com cautela durante os
períodos de atividade da doença, onde temos mais diarreia e devemos dar um “repouso”
ao intestino.
FIBRAS
Não sei vocês, mas eu que fui diagnosticada nos anos 80,
sempre tive restrições com as fibras, deveria ser tudo sem casca, cozido, ainda
bem que nutrição evoluiu e hoje sabemos que as fibras podem e devem ser utilizadas
inclusive por nós, portadores de doença inflamatória intestinal. O que
precisamos saber é distinguir fibras alimentares solúveis e insolúveis que são
fibras presentes em cereais, legumes, verduras e frutas sendo a diferença que as
fibras solúveis se dissolvem na água e as fibras insolúveis não se dissolvem na
água.
FIBRAS SOLÚVEIS:
As fibras alimentares solúveis como se dissolvem na água
formam um gel e permanecem mais tempo no estômago e podem auxiliar no controle
da diarreia, além de auxiliar na saciedade e ligarem à gordura e açúcar sendo
depois eliminadas pelas fezes, ajudando na redução do colesterol e controle da
diabetes.
Os alimentos ricos em fibras solúveis incluem frutas sem
a casca, tais como banana, pera, maçã, melão que também é rico em água, a aveia
que pode ser utilizada no preparo de vitaminas, mingaus, entre outros.
FIBRAS INSOLÚVEIS:
As fibras insolúveis são aquelas que o corpo não consegue
digerir completamente. Esse tipo de
fibra absorve pouca água, por isso a função mais importante das fibras
insolúveis é aumentar o volume e o peso das fezes e seus
efeitos além de aumentar a velocidade dos movimentos intestinais, é tratar a
prisão de ventre, portanto devem ser evitadas apenas nos períodos de atividade
da doença afinal, ninguém vai querer aumentar ainda mais os episódios de
diarreia.
Os principais tipos de fibras insolúveis estão em maior
quantidade presentes nos farelos e cereais, grãos (feijão, milho, lentilha) nas
verduras e frutas cruas e com cascas.
USO DE CORTICÓIDES
X OSTEOPOROSE
Corticóide ou cortisona é um antiinflamatório potente,
porém um de seus efeitos colaterais em longo prazo é a perda óssea, e nos caso
das mulheres ainda pode ser maior, portanto, é necessário sim acompanhamento
médico com exames periódicos e nada de automedicação. Dependendo do caso, uso
de suplemento de cálcio, caso a alimentação não consiga repor e mais uma vez a
importância das fontes de Cálcio: Leite, queijos, iogurtes, sardinha, brócolis,
castanha do Brasil (Pará),manga, entre outras.
Tem até uma dica: para quem não tolera bem
o leite ou tem restrição por conta da lactose, tem as opções de iogurtes e queijos.
O iogurte por ser um leite fermentado por bactérias conhecidas como
lactobacillus que digerem parcialmente a lactose é mais fácil de digerir do que
o leite, sendo especialmente indicado em caso de intolerância à lactose, sendo
rico em cálcio e o queijo também é outra alternativa ao leite de vaca, com a questão de ter uma quantidade de gordura
maior e por isso pode ser contraindicado em casos de colesterol alto ou
obesidade.
PROBIÓTICOS
Os probióticos são microorganismos vivos que, ao serem
ingeridos, beneficiam o organismo equilibrando a flora intestinal, inibindo a
ação das bactérias intestinais prejudiciais ao bom funcionamento do organismo,
ativando a imunidade. Por
ser o intestino a principal porta de entrada de nutrientes no organismo, assim
como os nutrientes são absorvidos pela parede intestinal, agentes maléficos
também podem entrar por esta porta.
A função dos probióticos é colonizar e
proteger a parede intestinal, evitando, assim, que moléculas alergênicas e microorganismos
patogênicos façam mal à saúde, porém como os probióticos são microorganismos
vivos, em caso de atividade da doença com o intestino inflamado, podem passar
para a corrente sanguínea e causar uma infecção, portanto o uso de PROBIÓTICOS
deve restrito aos períodos fora de atividade da doença. O que podemos consumir
durante as crises ou não são os PREBIÓTIOCOS que são fibras não-digeríveis que
funcionam como alimento para as bactérias intestinais benéficas, isto é, os
probióticos – daí a indicação da dupla (probióticos+prebióticos) para
reorganizar a flora intestinal em sachês ou cápsulas e, sempre com orientação
de um profissional.
Os representantes mais conhecidos desse grupo têm nomes
complicados: frutooligosacarídeos (FOS) e inulina. Mas o que interessa mesmo é
que eles podem ser facilmente encontrados. Os FOS, por exemplo, estão
concentrados em alimentos de origem vegetal que podem ser comprados na feira ou
no supermercado, como cebola, alho, tomate, banana, cevada, aveia, trigo, mel.
Já a inulina está presente principalmente no alho, na cebola, nas frutas (pera,
maçã) e também na alcachofra. Além de
ajudar no sistema imune, atuando com os probióticos, esses elementos auxiliam
nas funções intestinais. Beber bastante água, já que o líquido ajuda
na formação e eliminação do bolo fecal e a recomendação mais importante:
Cuidado com suplementos vendidos em farmácias, esses devem ser prescritos por
nutricionistas e se usados exageradamente podem causar problemas, nada de Dr.
Google, hein?!
NA REMISSÃO NÃO HÁ RESTRIÇÕES
E para terminar, o recado mais importante e resumindo o
que foi falado: Na remissão, ou seja, quando não for necessário o “repouso” do
intestino, não há necessidade de nenhuma restrição, valendo sempre máxima da
alimentação equilibrada, quer dizer que no final sempre estaremos preocupados
com o que comer: seja o controle do sal por conta da “pressão arterial”, do
açúcar, por conta da “diabetes”, das calorias para emagrecer ou até mesmo
engordar, enfim... Então que tal optar por saúde sempre incluindo mais frutas,
legumes, verduras, carnes, peixes, ovos, leite e evitando alimentos que nada
acrescentam a não ser peso!
Bebida alcóolica pode também, com moderação tudo
pode! Só não pode abandonar o tratamento ou parar a medicação por conta
própria.
Então, que tal um delicioso Patê de Ricota e Ervas Finas?
E vale sugestões para incrementá-lo, e não faltam ideias:
no encontro após a Oficina, foi sugerido pela Aldenice – azeitona, pela Ivete e
Edna– atum, teve tomate seco, queijo, quem dá mais?
E para sobremesa um belo Mosaico de Gelatina?