“Bebida é água! Comida é pasto! Você tem sede de que?/
Você
tem fome de que?...
A gente não quer só comida/ A gente quer comida/ Diversão e
arte
A gente não quer só comida/ A gente quer saída para qualquer
parte...
A gente não quer só comida/ A gente quer bebida/ Diversão,
balé
A gente não quer só comida/ A gente quer a vida/ Como a vida
quer...”
E foi ao som da música que iniciamos nossa V Oficina de Culinária
para Portadores de Doença Inflamatória Intestinal.
Você sabe que a comida tem a capacidade de saciar não
apenas no sentido nutricional, mas o emocional também!
Vemos sempre, o portador de DII’s, se deparando com
restrições e limitações no seu dia-a-dia. Estamos sempre sendo direcionados para determinados
alimentos pela influência que pode ser familiar, cultural, da mídia. e agora?Tenho fome e de que?
Então iniciamos uma dinâmica onde cada participante recebeu
uma folha em branco e escolheu um giz de cera (vermelho/ amarelo ou azul) e desenhou
algo que representasse a sua fome. Tivemos desenhos variados: uma estrada, uma figura
sugerindo um susto, uma camisola, frutas, família, etc... e após, foi trocado o
desenhos e cada um tinha a “missão”de interpretar o desenho do colega e a mensagem: Fome
de que?
Concluímos muita fome de amor, liberdade, emoção...
Afinal, já parou para pensar que o mundo começa pela boca?
Desde pequenos, ao nascer, recebemos o leite materno no peito de nossa mãe e
esse ato alimenta não apenas o corpo, como também a emoção: a proximidade com a mãe, proteção, aconchego.
E ao longo da vida, o alimento se torna uma forma de prazer mais fácil e por vezes
acaba sendo uma fonte de prazer absoluto ou mesmo, uma punição – O Alimento
como uma fonte de PODER! Pense: a agressividade pode ser oral desde cedo: o
bebê morde o seio da mãe!
E temos muitas fontes de prazer no corpo e não apenas na
boca, porém, centralizamos muito mais na boca e esquecemos de caminhar... seria
isso uma demonstração de imaturidade?
Jogar a raiva quando estamos comendo e acaba “azedando” o
estômago!
Em nossos encontros semanais, não é raro ouvir depoimentos
do tipo: “Eu como de tudo”, como se fosse sinônimo de poder, de fortaleza, que
pode sim, até ser porém, e as outras formas de prazer?
A fome de amor, de companhia, de carinho, de compartilhar
momentos?
Por exemplo: Fui convidado para uma festa, mas não posso ir,
vou comer o que?
Sim, mas então você vai à festa para comer ou para encontrar amigos e se divertir?
Foi aí que entraram as sugestões das nutricionistas Claudeci e
Alessandra:
E se você conversar e explicar para seu amigo(a), fizer uma preparação
e mostrar que pode sim ser saboroso, ou então você sugerir um encontro em sua
própria casa e aí você prepara um cardápio especial?! Você poderá surpreender
seus amigos!
Que tal uma prato de esfiha como sugestão de salgados? É algo
assado, que pode ter recheio de carne moída, frango desfiado, escarola,
ricota...
Um patê de ricota (lembram-se da receita de III Oficina?) é
leve, você pode adicionar o que quiser e tolerar (salsinha, tomate picado,
azeitonas...) e servir com bolachas salgadas ou torradas.
Biscoitos de polvilho? Você pode servir em potes coloridos,
e todos gostam!
Ah e tem até um doce: brigadeiro feito com leite condensado
de soja e cacau em pó...se você não disser, ninguém nem perceberá a mudança nos
ingredientes!
Bebidas: podem ser sucos, de preferência naturais, água
aromatizada (com folhas de hortelã e rodelas de limão ou laranja, etc), chás
gelados...
Até em um restaurante, um rodízio de pizzas, escolha um
recheio mais leve, caso não tolere o tradicional quatro queijos, portuguesa,
calabresa. Em uma feijoada, observe e escolha os alimentos: sempre tem
arroz, a farofa, couve refogada, pegue ao menos um pouco do caldo do feijão, alguma
carne mais magra. Em um churrasco: sempre tem saladas, pães, arroz, a carne
você pode escolher frango, por exemplo.
Então: Não há desculpas! Não adianta se tornar o “doente”, a “vítima” e ficar estigmatizado por um rótulo que muitos utilizam na verdade como um escudo para não viver!
A culpa é do Crohn? Da Retocolite? NÃO!
Nada mais de desculpas, vamos viver!!!
Afinal:
“A gente não quer só comer/ A gente quer comer/ E quer fazer amor
A gente não quer só comer/ A gente quer prazer/ Prá aliviar a dor...
A gente não quer/ Só dinheiro/ A gente quer dinheiro/E felicidade
A gente não quer/ Só dinheiro/ A gente quer inteiro/ E não pela metade...”