Pensei, pensei antes de colocar
no papel um pouco dos meus sentimentos, sim, nem sempre é fácil falar ou
escrever sobre si mesma e, como disse minha amiga do coração Edna, “É como se
fosse a primeira vez”. Sim, e vejam que contradição, conhecemos uma ostomia,
sabemos como é viver ostomizada, mas o medo ainda é como se fosse algo novo em
nossas vidas.
Tenho encontrado com muitas
pessoas que passam por um momento semelhante ao meu, ou mesmo que já passaram
pela cirurgia e aguardam uma reconstrução do trânsito intestinal e também
outros que são definitivos e alguns ainda revoltados com a situação. Bom, em
qualquer dos casos, não dá para ser hipócrita e dizer que é ótimo, e que todos
nós queremos ser ostomizados e etc e tal, não! Ninguém nasceu ostomizado e sempre
será algo novo e como qualquer mudança, necessitará uma adaptação. Mas,
sinceramente não é o fim do mundo! Relaxem!
Na verdade, tenho indicação
cirúrgica desde 2008! Não aceitei, fui encaminhada para outro profissional e
que alegria, quando ele disse que não faria a cirurgia e fiquei com o
acompanhamento ambulatorial, que até agora estava dando resultado, mas já não
mais… e foi uma iniciativa minha conversar com o médico para saber da
possibilidade de uma cirurgia e, após alguns exames, decidimos em conjunto que
essa seria a melhor opção para recuperar e manter minha qualidade de vida. E
sendo assim, passarei pela cirurgia para confecção de uma ileostomia terminal e
estou tranquila e preparada. Nem me considero perdedora, afinal fiz tudo que
podia, vivi 21 anos com o pouch ileal, algo que na época que foi feito, não
sabia ao certo a expectativa de vida e se eu conseguisse sobreviver ao menos
uns 10 anos, estaria muito bom e vejam só: superei e vivi, tive algumas crises,
mas sempre superava, precisei usar ileostomia de proteção por duas vezes, mas
consegui a reconstrução, que na época para mim era um alívio! Será? Quem sabe
se eu tivesse ficado ostomizada desde 2002, quando fiz uma correção de fístula?
Isso já me passo pela cabeça em vários momentos, porém, prefiro acreditar que
ainda não era o momento e ainda havia muito para ser aprendido, ensinado e
compreendido.
Pôxa, então cheguei a conclusão que tudo o que
passei, as pessoas que conheci, as dores, as alegrias, tudo estava escrito e
teria que ser assim. Fui feliz, fiz muita coisa certa e também muitas coisas
erradas…hehe, mas estou aqui e até os momentos de dor e de tristeza me foram
saudáveis e hoje vejo o quanto aprendi e o quanto me sinto mais forte, mais
preparada para o que vier. Confesso que estou ansiosa, sim! Mas, acreditando
que será um recomeço, uma nova vida.
Sem querer ser sentimental, já
sendo…tenho que agradecer a vida pela oportunidade que me foi dada em conhecer
minhas amigas e amigos amados e que me auxiliaram e auxiliam muito, digo que são minha
inspiração e prefiro nem citar nomes, pois todos tem um papel muito importante,
inclusive nesta decisão. Espero que meu testemunho possa de alguma forma
auxiliar a quem precisar e, que de repente esteja em um momento semelhante e
precise de um estímulo para acreditar e aceitar que tudo tem um por que e não é
o fim, definitivamente, não!
Relutei muito até aceitar a ostomia terminal, ou seja,
definitiva, para o resto da vida. Sim e prefiro chamar sobra da vida, por que
resto é geralmente algo que sobrou e vai para o lixo, e definitivamente minha
vida não será um lixo!
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