As evidências sugerem que a deficiência de vitamina D pode
ter um papel importante na regulação do sistema imunológico e, provavelmente,
na prevenção das doenças imunomediadas. No entanto, outros estudos ainda são
necessários para determinar os riscos e benefícios da reposição de vitamina D,
quando e em quais pacientes mensurar a 25(OH)D, os valores de referência para
considerar a deficiência/insuficiência, as ações clínicas a serem tomadas e o
real impacto dessa associação em nossa prática clínica.
Sugere-se que a vitamina D e seus análogos não só previnam o desenvolvimento de doenças autoimunes como também poderiam ser utilizados no seu tratamento. A suplementação de vitamina D tem-se mostrado terapeuticamente efetiva em vários modelos animais experimentais, como encefalomielite alérgica, artrite induzida por colágeno, diabetes melito tipo 1, doença inflamatória intestinal, tireoidite autoimune e lúpus eritematoso sistêmico.
Doença inflamatória intestinal (DII):
O mecanismo pelo qual deficiência de vitamina D ocorre mais
frequentemente em DII parece ser devido a uma combinação de efeitos, tais como
baixa ingestão e má absorção de vitamina D, e menor exposição solar.
As DII (colite ulcerativa e doença de Crohn) são doenças
imunomediadas, cuja fisiopatologia envolve também a participação de células
Th1, com produção de IL-2, TNF-a e IFN-γ.14 Níveis séricos diminuídos de
25(OH)D têm sido descritos nas DII. Estudo realizado por Jahnsen et al. encontrou deficiência de vitamina D em 27% dos pacientes com doença de Crohn e
15% dos com colite ulcerativa.
Na DII experimental, utilizando ratos com IL-10 inativada
(knockout), a deficiência de vitamina D mostrou acelerar a doença, com
aparecimento mais precoce de diarreia e caquexia, além de maior mortalidade.
Por outro lado, o tratamento com 1,25(OH)2D3 preveniu o aparecimento dos
sintomas, além de reduzir sua progressão e gravidade.
Além do seu papel na homeostase do cálcio, acredita-se que a
forma ativa da vitamina D apresenta efeitos imunomoduladores sobre as células
do sistema imunológico, sobretudo linfócitos T, bem como na produção e na ação
de diversas citocinas. A interação da vitamina D com o sistema imunológico vem
sendo alvo de um número crescente de publicações nos últimos anos. Estudos
atuais têm relacionado a deficiência de vitamina D com várias doenças
autoimunes, como diabetes mellitus insulino-dependente (DMID), esclerose
múltipla (EM), doença inflamatória intestinal (DII), lúpus eritematoso
sistêmico (LES) e artrite reumatoide (AR). O artigo faz uma revisão da
fisiologia e do papel imunomodulador da vitamina D, enfatizando sua
participação nas doenças reumatológicas, como o lúpus e a artrite reumatoide.
De maneira geral, o efeito da vitamina D no sistema
imunológico se traduz em aumento da imunidade inata associado a uma regulação
multifacetada da imunidade adquirida.22 Tem sido demonstrada uma relação entre
a deficiência de vitamina D e a prevalência de algumas doenças autoimunes como
as DII’s.
Baixos níveis séricos de vitamina D podem, ainda, estar
relacionados com outros fatores como diminuição da capacidade física, menor
exposição ao sol, efeito
colateral de medicamentos, além de fatores nutricionais.
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