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domingo, 24 de fevereiro de 2013

A essa altura da vida, uma das minhas poucas certezas, é que tenho vivido plenamente a humana condição.


Após passar em consulta e também acompanhar meu pai, um senhor idoso e portador de Alzheimer, em um pronto atendimento vou postar minha indignação com o atual sistema de saúde seja público ou privado! Sem citar nomes, apenas digo que o desrespeito é grande, nos julgam ignorantes e quando mostramos que somos esclarecidos e estamos entendendo o que acontece, aí mudam o comportamento!

“O inferno dos vivos não é algo que será; se existe, é aquele que já está aqui, o inferno no qual vivemos todos os dias, que formamos estando juntos. Existem duas maneiras de não sofrer. A primeira é fácil para maioria das pessoas: aceitar o inferno e tornar-se parte dele até o ponto de deixar de percebê-lo. A segunda é arriscada e exige atenção e aprendizagem contínuas: tentar saber reconhecer quem e o que, no meio do inferno, não é inferno, e preservá-lo, e abrir espaço.” (Calvino, 2003, p.158)

De quem é a culpa? Do sistema sobrecarregado e estressante que gera um atendimento desumano e sem ética? Seria do próprio paciente que mantem o velho hábito de considerar o profissional da medicina um Deus a quem deve obediência e agradecimento por estar sendo atendido?
E tanto se fala em humanização?  Mas, e o que seria humanização?

Baraúna (2005) afirma que “a humanização é um processo de construção gradual, realizada através do compartilhamento de conhecimentos e de sentimentos”. Nesse contexto, humanizar é ter uma pré-disposição para contribuir (o sentimento e o conhecimento) com o outro de forma ética, individualmente e independente, reconhecendo os limites, seus e o dele, compondo uma empatia entre indivíduos, possibilitando troca de informações.


Segundo Betts (2003), “…sem comunicação não há Humanização”, baseia-se na capacidade da troca de informação por comunicação (verbal ou não verbal) entre indivíduos. Esse compromisso, teoricamente firmado, com a pessoa que está sofrendo, passa por estágios de motivação individual ou de ambas as partes. Essa motivação pode resultar do sentimento de compaixão piedosa por quem sofre ou da ideia de que assim contribuímos para o bem comum e para o bem-estar em geral; pelo estímulo nato da objetividade da investigação científica que exclui a subjetividade (ex.: medicina baseada em evidências) e, por fim, a solidariedade genuína.

Então, o que posso dizer após mais de 30 anos de acompanhamento médico por conta de uma doença inflamatória intestinal crônica, onde presenciei as dificuldades enfrentadas pelos médicos e pacientes, digo que é possível sim oferecer uma melhor assistência, bastando o profissional ter sensibilidade e se colocar no lugar do paciente. 
Às vezes uma palavra ou um simples gesto já o ajudam a aliviar o sofrimento e que existem médicos que gostam da doença e médicos que gostam de pessoas, ou seja, o primeiro vai tratar bem a doença, se preocupar com procedimentos cirúrgicos, mas você é problema seu! Já o que gosta de pessoas irá sim se preocupar com a doença, porém sem esquecer de que o mais importante é você, o portador da doença e que sente dor, medo, angústias e toda sorte de sentimentos.
E resumindo: humanizar o atendimento não é apenas chamar o paciente pelo nome, nem ter um sorriso nos lábios constantemente, mas também compreender as angústias, os medos e incertezas, prestar atenção nas queixas do paciente, dando-lhe apoio e atenção e não simplesmente focar na doença, mas também nos aspectos globais que envolvem o paciente, não se limitando apenas nas questões físicas, mas também nos aspectos emocionais.  




Não sou e nunca serei “rato”de laboratório, procuro sempre estar informada para poder questionar os “por quês” dos procedimentos.

Um comentário:

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