Translate

domingo, 20 de março de 2016

“Você é o que come, ABSORVE E UTILIZA”.

Observando frequentemente os comentários sobre alimentação e sintomas que frequentemente apresentamos e as dúvidas se estão ou não relacionados à Doença Inflamatória Intestinal, resolvi estudar e postar minha opinião... Então vamos lá: 

Quase ninguém se interessa pelo que acontece com os alimentos que ingere depois que se levanta da mesa, porém, esse é um equívoco, pois apenas o fato de entender o processamento dos alimentos no organismo já seria muito útil para que tivéssemos um controle maior sobre nossa saúde. Além disso, é fantástico perceber como são perfeitos os mecanismos que garantem a digestão e a absorção de tudo o que comemos.
Ainda antes da primeira garfada, o cheiro e o aspecto agradáveis da comida enviam ao cérebro mensagens através dos neurotransmissores, que são as substâncias responsáveis pela transmissão dos nossos estímulos nervosos. Do cérebro, esses neurotransmissores são reencaminhados para o restante do organismo, despertando- o para a digestão. A boca então se enche de saliva, e o estômago começa a trabalhar, preparando o ambiente para a chegada do alimento.

Depois de muito bem trabalhado pelo suco gástrico contido no estômago, o “bolo” alimentar segue seu caminho rumo ao duodeno, a primeira das três partes do intestino delgado, Mas antes deverá passar por um anel muscular que regula a saída dos alimentos do estômago: à medida que vão entrando no duodeno, os pedaços de alimentos provocam uma gradual inibição da secreção gástrica, para que o estômago pare de trabalhar.

No duodeno, o bolo alimentar também encontra o ambiente preparado. Minutos antes, sua passagem pelo estômago acionou a liberação de hormônios ativadores do pâncreas e da vesícula biliar, cujas secreções serão jorradas dentro desta parte inicial do intestino para ajudá-lo a exercer sua principal função, que é finalizar a digestão dos alimentos.
No jejuno e no íleo, as partes finais do intestino, que acontece finalmente a absorção dos nutrientes contidos nos alimentos ingeridos e que após passarem pelo “controle de qualidade” executado pelo fígado seguirão pela corrente sanguínea para todo o corpo, sendo a água absorvida pelo intestino grosso (cólon).
Sendo assim, podemos perceber como é grande a responsabilidade do intestino sobre a nutrição de nosso organismo, pois é a ele que cabe promover as inúmeras trocas e processos químicos de absorção, facilitando a entrada de nutrientes valiosos, o nosso “combustível” e bloqueando a passagem dos elementos nocivos e mediando a entrada e saída de substância de “trânsito livre, como a água”.
É claro que tantas atribuições não poderiam ser exercidas por um tecido qualquer e por isso a mucosa intestinal é especialíssima. Aparentemente um simples tubo, mas por dentro ele forma muitas dobras na verdade, um entremeado de vilosidades, dobras minúsculas, semelhantes a pequeníssimos dedos e, microscopicamente, ele forma mais dobras, chamadas de micro vilosidades.

Ter um intestino saudável é essencial para qualidade de vida no que diz respeito não somente ao transito intestinal, mas também ao tipo de colonização de bactérias probióticas, ou seja, bactérias que trazem benefícios como produção de vitaminas do complexo B, vitamina K, enzimas digestivas, absorção de nutrientes, redução dos níveis de colesterol, desintoxicação hepática, maturação do sistema imunológico, entre outros inúmeros benefícios ao corpo. O descontrole desta flora intestinal, ou seja, a prevalência de bactérias patogênicas é chamada de disbiose intestinal.

E para nós, portadores de Doença Inflamatória Intestinal e que além do processo inflamatório convivemos também com o estresse diário, alguns podem não ter sido amamentados por um tempo mínimo de seis meses (visto que no leite materno estão as bactérias benéficas ao corpo e elas devem ser as primeiras bactérias a colonizar o intestino), a alimentação inadequada (rica em açúcares, fungos, gorduras, pobre em vitaminas, minerais, fibras, etc.), uma má mastigação e digestão, alteração do pH salivar, estomacal e intestinal e, principalmente o  uso de medicamentos, principalmente os antibióticos e muitas vezes o uso indiscriminado de probióticos e repositores da flora intestinal, inclusive nos períodos de atividade da doença.
Sendo assim temos um descontrole da flora intestinal muito mais facilmente e, com isso, uma permeabilidade intestinal que favorece a queda do sistema imunológico e aumento de inflamações e reações alergênicas tais como rinite, sinusite, artrite entre outros, além de:
- Infecções urinárias (de repetição);
- Micoses;
- Memória ruim (a inflamação favorece a morte dos neurônios)
- Estresse (pela falta das bactérias probióticas que são capazes de controlar os níveis de cortisol)
- Sintomas relacionados a falta de vitaminas e minerais (devida a grande inflamação, permeabilidade intestinal, ph impróprio,  muitos nutrientes tem sua absorção prejudicada, favorecendo ao aumento de ansiedade, queda de cabelo, unhas fracas, osteoporose, anemia, entre muitos outros).

Não basta apenas comer alimentos isentos de glúten, açúcares, gorduras e leites, lembre-se que a digestão é iniciada na boca e depende também de uma boa mastigação (o que não acontece na prática de muitos), um adequado ph salivar, estomacal e intestinal, e também de um intestino saudável, portanto nada de terrorismos nutricionais, tudo posso, mas nem tudo me convêm, e a melhor alternativa é uma orientação individualizada com um nutricionista que irá avaliar suas reais necessidades, inclusive de acordo com seu estilo de vida.

Mudar o hábito alimentar é positivo em qualquer distúrbio de saúde, que inclusive pode ser sim, um alerta do organismo de que algo não vai bem. Sendo assim, se melhorarmos a qualidade do nosso “combustível”, as chances de melhora da nossa “máquina” serão muito maiores. Comece aos poucos, com mudanças pontuais e sem radicalismos, como uma descoberta gradual dos prazeres de comer mais frutas, legumes e vegetais frescos.


 Maria Rita 

3 comentários: